quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O impossível sob medida

De: Lorena Souza
*Still: Shahla Maya

Baixo orçamento. Esta é a ligação que se faz ao cinema independente brasileiro. E não deixa de ser verdade. Ser cineasta ou trabalhar com produções do gênero ainda é considerada uma escolha rara e elitizada no Brasil. Uma produção cinematográfica brasileira que custe 10 milhões é considerada uma produção de porte. Porém, nos EUA, onde o cinema é uma indústria de fazer dinheiro, este mesmo valor é atribuído a produções independentes de baixo custo.

O cinema independente no Brasil e a grande produção se comportam como dois irmãos gêmeos que são separados na infância e viveram em condições opostas. As políticas cinematográficas governamentais ainda são segmentadas para um restrito número de profissionais. Porém, a carga genética da produção, a escolha pelo melhor ângulo e desenvolvimento de uma narrativa visual abarcam essas duas vertentes. A diferença é que o cinema independente estimula a concepção de técnicas não convencionais como meio de se diferenciar para produzir suas obras. A delicada relação dos cineastas independentes com os meios escassos de produção e a maquinaria que caiba em seu orçamento é o maior influenciador para que uma liberdade restringida torne-se inovação. E o que dizer de um projeto que custou
500,00 reais, uma equipe de 12 pessoas, três atores sem experiência e muito (muito!) malabarismo para torna umroteiro extremamente detalhista, sutil e sedicioso em um objeto de qualidade?




Fuga é o reflexo da identidade de seucriador, Son Araújo, e do aprendizado de uma equipe. Além dos desafios técnicos eorçamentários, havia uma inquietação com a questão estética do filme que requeria destaque às cores predominantes para filme (amarelo e vermelho) e a escolha de cenários que emitisse certo ar de “classissidade”. Enquanto o cinema no Brasil tenta criar uma identidade nacional e busca uma brasilidade, Fuga procura a universalidade por meio das emoções e terreno pessoal de seus personagens.
“O cinema é a arte de amar aquilo que somos e de amar aquilo que não somos”





O filme pretende apresentar ao público a vida de três pessoas: Igor, um rapaz gay, apaixonado por Diego, que é casado com Suzana. Com os laços de proximidades feitos entre dois personagens masculinos, tão rápido fluem as afinidades e, conseqüentemente, um desejo secreto. Suzana, em contrapartida, vivencia a dor de se sentir de fora do coração de Diego. Passa a existir, então, uma busca pela própria identidade, de amar e ser amado.
Como o cinema é uma arte hierarquizada e liderada por um Diretor, entretanto feita em grupo, a necessidade de estruturar uma equipe com desprendimento, paciência e muito interesse por formas de narrativas visuais fez com que os cargos fossem modificados ao longo da pré-produção. Mudanças estas, que atrasaram o processo produtivo, mas que incidiu no encontro de pessoas preocupadas em construir uma obra sólida e original.

Son Araújo, Janaína Galvão, Daniel Carvalho, Lorena S.Ousar, Gabriel Lima, Thiago Nascimento, Jill Soares, Núbia Teixeira, Shala Maya, Lihh Suares, Priscila Santos, Rafael Bulhões, Neto Cajado, Rodrigo Villa e Rayara Almeida representam esta necessidade de reconhecimento de que o cinema independente não é um trabalho caseiro e seus profissionais não são amadores. Representa o desejo de fazer parte da indústria cinematográfica sem perder suas peculiaridades. Representa a ansiedade do cinema independente ser considerado um estilo e não uma condição.

2 comentários:

Anónimo disse...

Alla hu akhbar!!!

Anónimo disse...

Yugs, daw nabasahan ko naman ni sa iban nga blog?