domingo, 31 de agosto de 2008

quinta-feira, 14 de agosto de 2008


Isto de tentar ser querida, perfeita, aceita, é uma condição de vida. Sou muito protegida, mimada ...Isso até me prejudica. Eu vivo mudando e gosto. Muitas vezes é tão rápido que não me acompanho.Vivo mudando porque me dá um tédio de mim...eu vivo experimentando...provocando...Experimento de tudo um pouco...até acertar... Guardo tudo comigo, mantendo guardado sempre junto a mim.
Fico ansiosa. O mundo desaparece em uns instantes e só restam ruídos e sussurros de palavras não ditas ou ditas (as vezes totalmente vazias) e pensamentos quase esquecidos.
Gosto de abrir a revista e ver cabelo, vestido, maquiagem, moda, acessórios,gente bem vestida...fico louca. Tem alguma graça ver homem bonito em revista? Barriga de tanquinho?
As pessoas são chatas tem uns papos que vão me enjoando. Não aguento o convívio c/ pessoas que acreditam nas coisas prontas, não suporto gente que entende de vinho, o sujeito fica entendendo de vinho , cheirando rolha. Não tenho paciência. Vai fazer outra coisa, falar besteira...é tanto "nhé nhé nhé"... Não tenho a paciência suficiente.
As pessoas acham que sou altamente segura, nunca fui altamente segura...
Foram tantos amores... eu amei tanto que até hoje todos eles pensam que são os grandes amores da minha vida...
Falar, se abrir, dizem que relaxa. Mas não, não libera o peso dos atos e das lembranças.
Talvez eu não queira. Quando demonstram que tenho motivos para ficar tranqüila, eu mudo. Mudo em milésimos, centenas de vozes são emudecidas, e dezenas de pensamentos resolvem ter sentido.
Qualquer problema, é problema. Seja pequeno ou grande, me abala com mesma intensidade.
Minha mente abre sua oficina, cria e recria, inventa, apaga muda e colore. Nada distrai uma mente em criação, nada faz esquecer, até que ele seja devidamente terminado.
No processo não abraço, eu afasto,
em vez de rir me fecho, em vez de chorar sou rude e orgulhosa.Não há fingimento.
Nas minhas mentiras eu acredito, mas elas são verdades. A mais pura e inocente verdade... é só preguiça, eu sei ...eu sou egoísta. Apesar da carapaça, e da falsa impressão, só quero é colo. Abraço quente e palavras de filmes infantis. Eu sei reconhecer, leve dias ou meses, mas reconheço.

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quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O impossível sob medida

De: Lorena Souza
*Still: Shahla Maya

Baixo orçamento. Esta é a ligação que se faz ao cinema independente brasileiro. E não deixa de ser verdade. Ser cineasta ou trabalhar com produções do gênero ainda é considerada uma escolha rara e elitizada no Brasil. Uma produção cinematográfica brasileira que custe 10 milhões é considerada uma produção de porte. Porém, nos EUA, onde o cinema é uma indústria de fazer dinheiro, este mesmo valor é atribuído a produções independentes de baixo custo.

O cinema independente no Brasil e a grande produção se comportam como dois irmãos gêmeos que são separados na infância e viveram em condições opostas. As políticas cinematográficas governamentais ainda são segmentadas para um restrito número de profissionais. Porém, a carga genética da produção, a escolha pelo melhor ângulo e desenvolvimento de uma narrativa visual abarcam essas duas vertentes. A diferença é que o cinema independente estimula a concepção de técnicas não convencionais como meio de se diferenciar para produzir suas obras. A delicada relação dos cineastas independentes com os meios escassos de produção e a maquinaria que caiba em seu orçamento é o maior influenciador para que uma liberdade restringida torne-se inovação. E o que dizer de um projeto que custou
500,00 reais, uma equipe de 12 pessoas, três atores sem experiência e muito (muito!) malabarismo para torna umroteiro extremamente detalhista, sutil e sedicioso em um objeto de qualidade?




Fuga é o reflexo da identidade de seucriador, Son Araújo, e do aprendizado de uma equipe. Além dos desafios técnicos eorçamentários, havia uma inquietação com a questão estética do filme que requeria destaque às cores predominantes para filme (amarelo e vermelho) e a escolha de cenários que emitisse certo ar de “classissidade”. Enquanto o cinema no Brasil tenta criar uma identidade nacional e busca uma brasilidade, Fuga procura a universalidade por meio das emoções e terreno pessoal de seus personagens.
“O cinema é a arte de amar aquilo que somos e de amar aquilo que não somos”





O filme pretende apresentar ao público a vida de três pessoas: Igor, um rapaz gay, apaixonado por Diego, que é casado com Suzana. Com os laços de proximidades feitos entre dois personagens masculinos, tão rápido fluem as afinidades e, conseqüentemente, um desejo secreto. Suzana, em contrapartida, vivencia a dor de se sentir de fora do coração de Diego. Passa a existir, então, uma busca pela própria identidade, de amar e ser amado.
Como o cinema é uma arte hierarquizada e liderada por um Diretor, entretanto feita em grupo, a necessidade de estruturar uma equipe com desprendimento, paciência e muito interesse por formas de narrativas visuais fez com que os cargos fossem modificados ao longo da pré-produção. Mudanças estas, que atrasaram o processo produtivo, mas que incidiu no encontro de pessoas preocupadas em construir uma obra sólida e original.

Son Araújo, Janaína Galvão, Daniel Carvalho, Lorena S.Ousar, Gabriel Lima, Thiago Nascimento, Jill Soares, Núbia Teixeira, Shala Maya, Lihh Suares, Priscila Santos, Rafael Bulhões, Neto Cajado, Rodrigo Villa e Rayara Almeida representam esta necessidade de reconhecimento de que o cinema independente não é um trabalho caseiro e seus profissionais não são amadores. Representa o desejo de fazer parte da indústria cinematográfica sem perder suas peculiaridades. Representa a ansiedade do cinema independente ser considerado um estilo e não uma condição.